Governo gasta R$ 154 mil para
manter, por 33 dias, um paciente no HR
26/06/2012
02:21 - RENATTA GORGA, da Folha de Pernambuco
Widio
Joffre
Daniel
Oliveira, 37, é um dos que vive o sofrimento de ficar internado. Está há 23
dias na unidade médica
Acidentes de motos tornaram-se cada vez mais
frequentes em Pernambuco. Considerando-se os dados do Hospital da Restauração
(HR), unidade de referência para atendimentos de alta complexidade em trauma, é
possível perceber que um paciente grave permanece internado por cerca de 33
dias. O custo para operá-lo e mantê-lo no melhor estado de saúde é em torno de
R$ 154 mil. A principal causa dos acidentes, por sua vez, é a imprudência do
condutor. Para reverter essa realidade, a Secretaria Estadual de Saúde (SES),
em parceria com o Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Motos, realiza
ações educativas, bem como fiscalizações em todo o Grande Recife e nas 11
regionais de Saúde do Estado.
Conforme o secretário executivo do comitê, o médico
João Veiga, que já foi diretor médico do Hospital da Restauração (HR), 11% dos
pacientes internados nessa unidade de saúde saem amputados ou paraplégicos. “Todos
eles saem do HR com alguma restrição física temporária. Ou seja, não podem
trabalhar ou fazer algumas atividades e todos recebem atestado médico e ficam
de licença por mais de dois meses”, informou. O doutor ainda frisou que 85% dos
casos de acidente são causados pela imprudência do motorista. “Eles,
geralmente, andam descalços, ultrapassam sinal e não usam capacete, ou colocam
o equipamento sem atacá-lo. Quando caem, o capacete não adianta de nada”,
afirmou.
Dessa forma, resta ao Governo do Estado arcar
com os custos do paciente. E a quantia necessária para esta atividade, conforme
o Ministério da Saúde, aumentou em 1.286%, de 2008 a 2011. Isto é, o que
totalizava R$ 184 mil passou a somar R$ 2,5 milhões. Ainda segundo o órgão
federal, consequentemente, o número de óbitos também cresceu, de 372 em 2008
para 634, em 2010. Sendo assim, os acidentes com motociclistas ultrapassaram os
casos de atropelamento, que eram considerados os possuidores de maiores
índices. “Em uma série histórica de dez anos, os atropelamentos sempre tiveram
à frente de qualquer acidente de automóvel. Mas, nos últimos três anos, isso se
inverteu. Em 2011, os acidentes de moto, considerando colisão e queda,
ultrapassaram em 65% os atropelamentos”, atestou João Veiga.
O atendente Daniel Oliveira da Cruz, 37, sabe o que
isso significa. Há 23 dias, ele está internado no HR, após sofrer um acidente
de moto entre os municípios de Garanhuns e Canhotinho, no Agreste de
Pernambuco. “Estava indo visitar minha irmã em Providência (distrito
pernambucano) e vinha com minha esposa na moto. Não me lembro da batida, mas
foi por causa dela que minha mulher faleceu”, contou. Daniel quebrou o fêmur,
perdeu parte do braço esquerdo e ainda sente fortes dores. “Agora, estou
esperando que alguns ferimentos cicatrizem para que eu possa fazer a cirurgia”,
complementou.
Na opinião do atendente, ainda faltam mais ações para conscientizarem os
motociclistas. De fato, Daniel está correto. “A gente instituiu a Operação Lei
Seca, parando cerca de 150 mil automóveis em seis meses. A partir de agora, a
operação vai se estender para as 11 Regionais de Saúde com duas equipes em cada
uma. Também abrimos filiais do nosso comitê nessas 11 Regionais, onde se
monitoram os acidentes de moto”, informou. Propagandas televisivas também são
exibidas de modo a abordar a problemática
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